Brasil, país-raiz, ainda está aqui.
O Brasil fez história em Cannes quando em 1962 ganhou a Palma de Ouro com o filme "O pagador de Promessas". Aquele filme falava de um país com raízes profundas e que alimentam nossa cultura até hoje. Na dinâmica da história enredada para o filme se pode mostrar a Matriz Africana, em sua essência, o Candomblé, em atitude de acolhimento aquele homem simples mas de forte caráter e determinação e a Capoeira, sendo solidária e sempre pronta a defesa dos mais fracos e desfavorecidos, no ambiente da Bahia. Mostrando que somente quando buscamos a cultura mais arraigada do Povo Brasileiro é que chamamos a atenção do planeta. Aquele filme também concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e não ganhou.
Depois em 1999, mais uma vez a cultura popular brasileira, expressa nos atos e no fazer diário e cotidiando das pessoas, transitando para suas atividades corriqueiras, foi mostrado pela força expressiva da família Torres, provocando um frenesi que emergiu novamente no Oscar com o filme Central do Brasil, do Diretor Walter Sales. Alí também mostrou-se um "país-raiz" .
O Brasil real comove.
E agora com a vitória de "Ainda Estou aqui" é digna de elogio o Trabalho do Diretor Walter Sales em captar a essência do Povo Brasileiro, desse "país-raiz". Da família Torres em expressar isso comovendo as pessoas. Da família Paiva, que com sua conduta manteve viva a luta por justiça, por fatos ocorridos na ditadura militar, tão calada em nosso país.
O filme comove porque mostra a família brasileira. Não faz um discurso dissociado da realidade nem das vidas das pessoas que pronunciam o discurso, mostra de fato uma família, vivendo, planejando e realizando. E que tem essa condição interrompida drastica e bruscamente, por atos covardes das autoridades da época. O filme comove porque recupera a necessidade de debater o periodo ditatorial, um debate que não foi feito quando da abertura política, impedindo a punição de torturadores, impedindo até mesmo as investigações dos atos de tortura. O filme comove porque mostra a superação. O filme comove porque traz a tona uma reflexão sobre a situação de pessoas idosas e o valor que elas precisam receber pela sustentação que deram ao país para que aqui estivéssemos.
E o filme alegra e dá orgulho porque o filme, o país-raiz, é vencedor. Do Globo de Ouro e do Oscar Internacional. Oscar Internacional nos diz que em 2024/2025 de tudo que foi produzido no mundo e apresentado nos EUA nosso país-raiz foi o melhor.