Este ano tem se falado muitas vezes
sobre o fim do mundo. Influenciados pela profecia Maia que foi interpretada por
alguns como anunciando o fim do mundo para 21 de dezembro de 2012, de forma que
o tema tem sido recorrente.
Reforçam o sentimento de fim do
mundo, situações como o Furacão Sandy, o clima de conflito na Síria, aumento
das hostilidades entre Israel e Palestina e, no caso brasileiro em particular,
a violência em São Paulo
e em Santa
Catarina. Esta última de modo inédito, pois nunca foi comum
ouvir notícias sobre violência no paraíso turístico do sul.
Nem se diga sobre a condenação real
de políticos que irão para cadeia, no caso do mensalão, entretanto, só se deve
acreditar nessa história após a prisão efetiva.
Neste contexto, um bom exercício de
imaginação permite pensar como seria o pós fim.
Muitos males deveriam ser afastados
no recomeço. Em um mundo devastado pelo fim, os homens deveriam se unir
honestamente pela sobrevivência, não havendo espaço para a truculência e
desigualdades que imperam nos dias de hoje. Eis que se os homens próximos não
estiverem realmente ligados podem comprometer a própria sobrevivência.
Ora, se uma pessoa comer toda a
escassa comida e o seu próximo morrer de fome, quem o ajudará a sobreviver mais
adiante no momento de buscar mais comida? Se a pessoa não ajudar a curar a
ferida do próximo, quem o ajudará a curar sua própria ferida no momento
posterior? Descobrindo uma pessoa desconhecida presa em uma velha prisão abandonada,
o melhor é libertá-la, sem perguntar seu crime anterior, para que esta venha
somar as forças da sobrevivência.
O sentimento do fim iguala os
homens. E isso pode torná-los mais solidários. Independente de estar chegando
ou não o fim, este é um ótimo momento para se pensar em ser solidário: com o
próximo, indistintamente, espacialmente falando e com a natureza por ser esta
uma complexa rede de sistemas de suporte de vida.
É hora dos pequenos gestos. Não
matar, ou seja não ter o sentimento de morte na mente nem no coração. Não
furtar, honrar pai e mãe, não jogar lixo nas ruas, reciclar, economizar água,
energia e não poluir. Ser gentil sempre, desculpar-se quando faltar gentileza
nas palavras ditas.
O fim não parece ruim se o recomeço
é solidário. E, considerando este recomeço, é licito pensar em um Direito Solidário.
Ao acionar a justiça, a legitimidade
ativa exigiria da parte demonstrar os aspectos de solidariedade com o próximo existentes
em seu pedido e não exclusivamente seu interesse subjetivo de agir.
O juiz por sua vez deveria
fundamentar seu convencimento na solidariedade, o bem estar não estaria nunca
no atendimento à vontade de uma das partes ou no seu interesse subjetivo, mas
certamente na solidariedade. A liberdade,
a justiça e a igualdade social se realizariam na solidariedade.
Então, em uma disputa de terras a
ser solucionada com base na solidariedade, pouco importariam a posse e a
propriedade, institutos do velho e extinto mundo, e sim a melhor solução
realizadora da solidariedade. A fração do planeta disputada pelas pessoas
jamais excluiria uma delas em favor da outra, mas atenderia a ambas e quiçá
ainda a outras que sequer compusessem o litígio.
Pensamentos assim realmente exigem
não um recomeço, mas um recriar.
OBS.: este mesmo artigo foi publicado no jornal Tribuna de Minas, de Juiz de Fora: http://www.tribunademinas.com.br/opini-o/artigo-do-dia/ensaio-sobre-o-fim-1.1198028/comments-7.2067631
OBS.: este mesmo artigo foi publicado no jornal Tribuna de Minas, de Juiz de Fora: http://www.tribunademinas.com.br/opini-o/artigo-do-dia/ensaio-sobre-o-fim-1.1198028/comments-7.2067631
Este artigo também foi publicado no jornal de Arcos (http://www.portalarcos.com.br/noticia/7782/Ensaio-sobre-o-fim), no Justiça em Foco (http://justicaemfoco.com.br/?pg=desc-noticias&id=62905&nome=Ensaio%20sobre%20o%20fim%20-%20por%20Wagner%20Dias%20Ferreira), no Delegados (http://www.delegados.com.br/noticias/3672-ensaio-sobre-o-fim-por-wagner-dias)E no Debate (http://www.odebate.com.br/ideias-em-debate/ensaio-sobre-o-fim-27-11-2012.html)
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