“De toda forma, seja a filosofia seja a teologia, o cidadão ocidental está desafiado a todo tempo, por determinação cultural a sair da caverna. Encontrar a realidade como ela é e experimentar a plenitude da verdade”, afirma o advogado Wagner Dias Ferreira.
A
caverna sem prazeres
*Wagner
Dias Ferreira
Todos os homens da civilização contemporânea colheram
do cristianismo muito do que somos hoje.
Os cristãos ocidentais conhecem duas histórias sobre cavernas, propagadas para
interpretação da realidade hoje. A
história do Profeta Elias se sentindo só, com medo e abandonado na caverna. E o Mito da Caverna
de Platão.
Nas duas histórias, as pessoas dentro da caverna vêem
uma realidade parcial ou distorcida. Seja por medo e fuga voluntária da
realidade ou seja por aprisionamento. Os personagens estão ali extremamente
limitados.
Em ambas as histórias, a superação dos limites dados para
a forma como está sendo vista e vivida a realidade, com a tomada de consciência
da verdade, é dolorosa e exige um processo de coragem transformadora, aceitação
da mudança e adaptação da surpreendente
percepção do novo.
No mito da caverna de Platão, as pessoas presas na
caverna acreditam que a realidade são as sombras projetadas na parede. Eles se
permitem profundas reflexões sobre as sombras. A boa nova trazida pelo olhar em
direção à luz e aos objetos que outrora conheciam apenas pelas projeções de
sombras na parede da caverna exige coragem, esforço e adaptação para perceber o
novo, ou uma realidade mais completa e deslumbrante. Rupturas absolutas de antigas reflexões
profundas e arraigadas. Evidente que muitos resistirão ao desconforto para
permanecer na prisão da caverna. E há aqueles que mesmo tendo saído da caverna
farão a opção de voltar para ela.
Na história do Profeta Elias na caverna, logo após
vencer os profetas de Baal em obediência a Deus, ele se refugia na caverna, com
medo, solitário e se acreditando abandonado. E lá ele é despertado por muitos
acontecimentos para tomar consciência de que aquela caverna é uma limitação
totalmente divergente do que Deus tinha como proposta para a vida do Profeta
Elias.
As duas histórias estão arraigadas na cultura
ocidental. Seja a filosofia ou a teologia, o cidadão
ocidental está desafiado a todo tempo, por determinação cultural, a sair da
caverna. Encontrar a realidade como ela é e experimentar a plenitude da
verdade.
Apesar de a internet ser uma janela de acesso a muitas
informações e notícias, quando as pessoas estão ali presencialmente e optam por
se ligar ao objeto que dá acesso à internet ao invés de vivenciar a conexão com
a pessoa ali presente faz pensar que as pessoas estão preferindo abrir mão de
olhar para a luz na entrada da caverna e preferindo as sombras na parede que
chegam pelo celular. Em muitos casos, a internet tem funcionado como armadilhas
para trazer de volta as pessoas para a caverna.
Os terremotos, furacões e fogo que acontecem fora da
caverna podem muitas vezes assustar. Mas são necessários para receber a
mensagem de Deus, boa nova, de que há um caminho diferente fora da
caverna, onde não se estará só.
Todos nós precisamos enfrentar o desconforto da luz
presente na entrada da caverna, permitir que nossos olhos se adaptem e nossos
corpos se ergam e se ajeitem para sair e ver as coisas em sua plenitude,
compreendendo qual é a verdadeira vida proposta a todos nós fora da caverna. Sempre
juntos, para que a alegria de um seja a alegria de todos.
Importantíssimo verificar tudo que nos chega pela
internet para evitar que ao acolher todas essas postagens, videomontagens,
mensagens de toda ordem não nos mantenham aprisionados na caverna, longe e sem
usufruir daquilo que Deus tem proposto para um e para a todos, porque só será
pleno se for para todos.
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