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terça-feira, 28 de fevereiro de 2023
II Colégio de Presidentes de Comissões da Seccional OAB/MG
domingo, 12 de fevereiro de 2023
Alma humana coletiva e comunitária é o artigo de fevereiro
"Hoje, a preponderância dos temas climáticos e a necessidade de um novo olhar sobre a natureza, inclusive se falando em termos de Direitos Humanos Ambientais, esses aspectos da Alma Humana Coletiva e Comunitária, está a exigir uma convergência inter-religiosa comunicativa, onde a preocupação comunicativa reconhece que o discurso produz realidade, para que, pacificado o conflito na Alma da Humanidade, a civilização possa se tornar a guardiã primeira da natureza", afirma Wagner Dias Ferreira.
Alma
humana coletiva e comunitária
*Wagner Dias Ferreira
Os alertas mundiais a respeito das mudanças climáticas afirmados por muitos e negados por outros despertaram a humanidade para o reconhecimento de que todos e todes têm que se comprometer com a preservação da natureza propiciando a continuidade da vida.
Não são raras situações que nos alertam para o fato de que a natureza está reagindo à ação humana. Repensar é necessário. E, para uma mudança de rumos, a humanidade precisa rever sua alma humana, coletiva e comunitária.
As teorias mais contemporâneas afirmam que o homo sapiens surgiu na África e, por meio de grandes migrações, ocupou o planeta. Neste aspecto, vale sempre lembrar de como foi importante o encontro do Crânio da Luzia em Lagoa Santa/MG como um relevante componente na construção dessas teorias migratórias do homem pré-histórico.
Imaginar que ainda sem uma linguagem os seres humanos foram migrando e ocupando o território ao longo de milhares de anos. Tudo isso proporcionou o registro na Alma Humana, não no sentido individual, mas na Alma Humana Coletiva e Comunitária toda uma percepção da relação humana com a natureza.
Com o advento da civilização, a mesma Alma Humana Coletiva ou Comunitária começa a ser “colonizada” por relações que não são mais do homem com a natureza, mas do homem com o homem em sociedade.
De certo modo, isso proporcionou um esquecimento humano das relações diretas com a natureza. Esse desprendimento em relação ao ambiente natural fez o homem olhar para o planeta como um objeto mercantil a ser explorado e transformado em lucro. Hoje colhemos o fruto dessa distorção experimentando as mudanças climáticas, provavelmente, as pandemias e outros fenômenos que são fruto de uma natureza agonizante.
Quando se toma as expressões e crenças mais antigas existentes na humanidade todas reportam a relação do homem com a natureza. É possível perceber esse conflito do antigo e natural com o moderno civilizatório nos escritos da coletânea de Livros “As Brumas de Avalon” que se propõe a mostrar a história do Rei Arthur enraizada na cultura celta presente no ambiente do Reino Unido.
É perceptível no livro o conflito entre a cultura celta, antiga e da natureza, e a cultura romana, moderna e da civilização, que chegava à Grã Bretanha na época descrita pelo livro.
Nesse sentido, o uso contemporâneo da expressão “povos originários” é fundamental para reconhecimento dos serviços prestados por esses povos a alma humana de hoje.
O comportamento Cristão de chamar de bruxaria as práticas não cristãs inibiu uma presença mais ostensiva entre os homens de condutas mais ligadas à natureza.
Sofreram muito com isso, no Brasil, as expressões e crenças de povos originários e de matriz africana. Ambas muito fortemente arraigadas nos elementos naturais.
Nas religiões de matriz africana, que até hoje sofrem fortemente com o preconceito e a discriminação, é fácil notar que todas as suas divindades têm um elemento correlato na natureza, uma erva que o representa etc.
Para aqueles que são do campo do direito sabem que, entre os orixás, Shangô é considerado o orixá da justiça, tendo como um de seus elementos a rocha, denotando a firmeza, solidez. Bem como os raios que em tese permitem iluminar situações em determinados momentos. E um machado com corte dos dois lados, mostrando que pode cortar, fazer justiça onde quer, de qualquer lado que esteja o erro.
Hoje, a preponderância dos temas
climáticos e a necessidade de um novo olhar sobre a natureza, inclusive se
falando em termos de Direitos Humanos Ambientais, esses aspectos da Alma Humana
Coletiva e Comunitária, está a exigir uma convergência inter-religiosa
comunicativa, onde a preocupação comunicativa reconhece que o discurso produz
realidade, para que, pacificado o conflito na Alma da Humanidade, a civilização
possa se tornar a guardiã primeira da natureza.
*Advogado e Vice-Presidente da Comissão de Direitos Humanos
da OAB/MG
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